Por: Douglas Martins
Novembro de 2005, talvez um mês que deva entrar pra história do mundo dos games, sem exageros. Nele foi lançado a versão em inglês de um clássico absoluto: Shadow of the Colossus para PS2.
Nitidamente e de acordo com a maioria dos críticos, um jogo que estava a frente de seu tempo e que agora, após 6 anos de seu lançamento, recebe uma versão definitiva, reestruturado em alta definição, com suporte ao 3D, audio 7.1 e amparado pela alta capacidade de processamento do PS3.
Quem é fã e teve a oportunidade de jogar na época, indico fortemente a nova compra pois além de vir com o ICO (outro jogão da mesma equipe) em um pacote que está com um preçinho bem bacana, a possibilidade de acompanhar todos os acontecimentos do game em alta definição (em 3D também pra quem já possui a TV) e ter o suporte aos viciantes troféus é, com certeza, uma nova experiência totalmente válida. Já quem nunca jogou, a aquisição desta coleção é mais do que obrigatória.
E por que eu gostei tanto? Particularmente, achei este game diferente de tudo o que já joguei, por dois motivos: Primeiro por conta da grande imersão que ele proporciona (se você comprar as motivações vendidas pelo protagonista é inevitável a empatia) e em segundo lugar eu fui completamente fisgado pela história que é, ao mesmo tempo, intimista e épica.
E o melhor de tudo, na minha opinião, esta história nos é apresentada sem quase nenhum diálogo! É aquele tipo de narrativa que te força a pensar "fora da caixa", te obriga a interpretar qualquer gesto e olhar dos personagens e a prestar atenção redobrada nos detalhes de cenário, por exemplo, na busca por pequenas pistas sobre o que está acontecendo.
Dito isto, deixo abaixo a minha interpretação da história do jogo. Tudo o que eu senti jogando e que acretito que aconteceu. Dividirei em duas partes este post para melhor o encadeamento das ideias. Neste primeiro momento irei apresentar o que imaginei de "background" para a trama, ou seja, tudo o que antecedeu o começo específico do jogo. Depois, num futuro post, falarei sobre os desdobramentos da história até o grande final e seu possível link com o jogo ICO (que, também, vem nesta coleção imperdível para PS3).
Grandes Spoilers pela frente para quem nunca jogoue que recomendo ler após fechar o jogo. Outra coisa: tudo o que direi a seguir é puramente interpretação minha e reflexões vinda de discussões entre amigos e internet à fora. Vamos, ao contexto geral de tudo:
Há muito tempo existia no mundo uma entidade chamada Dormin e aqui , faço um parênteses para mostrar o que pesquisei e achei muito interessante: Dormin é Nimrod ao contrário, numa clara referência à este personagem da bíblia, que foi um grande caçador de animais e um rei tirano que escravizava e conduzia seu povo pelo medo e que, no auge de seu reinado, construiu a famosa torre de Babel, cujo o objetivo era segurar seus domínios de um possível novo dilúvio causando, eventualmente, a ira de Deus (pra variar ¬¬) e etc..
Perceba, então, que o lar de Dormin no jogo é exatamente uma torre altíssima em alusão a de Babel e os Colossus podem ser considerados, neste contexto, os animais que o rei bíblico gostava tanto de caçar (Bacana não?).
Continuando... Esta entidade, monstruosa e maligna, teve sua essência finalmente selada em uma terra distante e isolada de todo o resto do mundo (é este o vasto cenário a ser explorado no jogo) por Shamans, ou feiticeiros (como queiram =P) de uma aldeia que habita as imediações desta região e o único meio encontrado por eles para conseguir isto foi, com ajuda de uma espada sagrada, dividir a alma de Dormin em 16 partes e assegurar que cada uma destas partes ficasse sob a guarda de 16 colossus (criaturas, em sua maioria, de proporções gigantescas e de extrema força e resistência).
O único modo de conseguir adentrar nessas terras proibidas onde dorme este ser é através de uma estreita, extremamente alta e longa, muuuuuuito longa ponte.
Anos ou talvez até mesmo séculos se passaram desde o selamento e estas terras e seu habitante acabaram caindo no imaginário deste povo em forma de lendas, folclore, contos e histórias fantásticas. Até que um dia...
Mono uma bela mulher e, possivelmente uma feiticeira desta aldeia, teve seu destino traçado por seus líderes: A Morte! Eles acreditavam que ela estava amaldiçoada de alguma forma e, assim, a executaram em um tipo de ritual.
Wander (o protagonista e seu personagem no jogo, que tem seu nome derivado de Wanderer ou Andarilho) é apaixonado por Mono (uma paixão que pode ser interpretada de inúmeras maneiras, já que o jogo nunca diz explicitamente qual a relação dos dois, se mãe e filho, marido e mulher, irmão e irmã ou até mesmo amigos de infância, por que não? -- Eu aposto em Marido e Mulher) e fica, obviamente, transtornado e absolutamente arrasado pelo ocorrido.
Ele, então, se lembra desta lenda, mito ou folclore de sua aldeia: Dormin, a entidade selada nas terras proibidas pode realizar qualquer desejo, inclusive trazer uma pessoa de volta à vida e, sem pensar muito, Wander rapta o corpo de Mono e a espada sagrada guardada como relíquia na aldeia e dita como a real arma usada para selar o monstro.
Com a ajuda de seu fiel cavalo, Agro, ele foge rumo ao portal que separa sua aldeia das terras proibidas e consegue chegar na ponte e destrói sua entrada.
Ao entrar nestas terras e na torre, Wander é imediatamente recebido pela voz de seu habitante, Dormin e, repare, a voz utilizada é claramente a união de várias outras em tons diferentes (16 vozes? acho bem provável). A entidade questiona Wander sobre o que estaria ele fazendo ali e o nosso herói releva sua intenção e pede para que Dormin reviva Mono. Nesse momento as vozes ficam em silêncio para logo em seguida perguntar se é isto o que Wander realmente deseja, já que há um preço muito caro a ser pago. O rapaz aceita este preço sem questionar e somente pergunta o que ele precisa fazer para ter sua amada de volta.
Dormin explica que para poder realizar o pedido, Wander precisará matar os 16 colossus que habitam aquela região.
Mas como um ser humano comum na companhia somente de seu cavalo e de uma espadinha velha conseguirá, efetivamente, matar um ser 100 vezes (ou até mais) maior que o seu tamanho?
Começa dessa forma, enfim, o jogo propriamente dito!! Você toma o controle e terá que decidir o que fazer a seguir.
Chego ao final da primeira parte dessa minha análise/interpretação para essa obra de arte interativa.
Somente digo que deste ponto em diante é só você, seu inseparável Cavalo, o Agro (personagem importantíssimo na história) e toda a imensidão destas terras para explorar.
A solidão do protagonista em sua árdua (e impossível) tarefa, suas motivações e desespero na corrida conta o tempo para salvar Mono da morte depositando, assim, sua fé em um ser que ele não sabe se está falando a verdade em sua promessa ou se o está enganando o tempo todo nos deixa terrivelmente tenso e preso aos controles. É uma experiência difícil de explicar é preciso senti-la, realmente.
Continuo, na segunda parte, contando minhas interpretações a cerca do final do jogo e sua ligação com ICO.
Até lá! =)
Ps: Sintam-se à vontade para comentar também o que acharam do jogo, suas interpretações e ponto de vista.
2 comentários:
Caracoles primo otima analise heim... rica em detalhes parabens!!! logo irei jogar denovo esse game supimpaaa
Opa! Obrigadão por comentar, meu rapaz! E assim que quiser emprestado é só pegar! =)
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