quarta-feira, 26 de outubro de 2011

One Piece - Uma Peça Rara


Por: Douglas Martins

O Anime: 520 episódios até a data de hoje, aproximadamente 174 horas (o equivalente à pouco mais de 7 dias de transmissão sem interrupções),  6 grandes Sagas, há 12 anos no ar na tv com pouquíssimos fillers (os famosos episódios de enrolação) e sempre presente entre os 3 programas de maior audiência no disputado  mercado de animes japoneses. 

O Mangá: publicado desde 1997 sem grandes hiatos ou paralizações, com mais de 640 capítulos lançados e 60 volumes encadernados totalizando, atualmente, vendas superiores à 160 milhões de cópias (somente no japão) o que o transforma no mangá mais bem sucedido de todos os tempos, chegando a ultrapassar nomes de peso como: Dragon Ball, Slam Dunk, Hokuto no Ken e etc..

E o melhor: Todos esses números representam apenas a primeira metade das histórias originalmente previstas, segundo palavras do próprio autor.

Clássico e épico é pouco, creio eu, para definir essa grande obra prima que estamos tendo o privilégio de acompanhar em tempo real. Eiichiro Oda (Criador, roteirista e desenhista) sem dúvida alguma, construíu seu degrauzinho junto à escadaria dos grandes mestres.

Monkey D. Ruffy (Sim, escreverei com "R" mesmo.. muito mais Legal) deixa, ao completar 17 anos, sua pequena e pacata vila em East Blue, rumo ao grande mar, na tentativa de realizar o seu sonho: Tornar-se o Rei dos Piratas e, para que isto vire realidade,  nosso protagonista deverá encontrar o maior tesouro de todos, o One Piece.

Simples assim, tudo o que acontece no Anime gira em torno deste plot. Nós acompanhamos Ruffy e seus amigos porém, todos os piratas deste universo compartilham da mesma motivação. O que vemos, então, é uma verdadeira corrida contra o tempo para saber quem encontrará o tesouro primeiro, abraçando por consequência, a faixa de Rei dos Piratas.

Diante desta temática de pirata e de um universo tomado por oceanos (em One Piece, há apenas uma pequena faixa de continente corta o globo, todo o resto é preenchido por água e suas ilhotas pelo caminho) confesso que fiquei com os dois pés atrás e só cheguei a dar uma real chance ao anime após 5 anos de já ter começado.

Lembro-me que na época eu havia acabado de entrar na faculdade e, ainda, me sobrava tempo sufuciente para correr atrás de animes com mais calma. Foi nesse período também que os fansubs começavam a ganhar respeito e, a cada dia, mais e mais grupos se uniam para nos trazer os lançamentos devidamente legendados.

Resolvi então, em uma tarde tranquila de muito frio, ver "qualé" desse desenho que todos comentavam e.... surpresa: ODIEI logo de cara.

"Como pode essa coisa enrolada com traços estranhos ser tão comentada e apreciada assim? Estão loucos?", ficava repetindo em minha cabeça com extrema raiva. Não poderia estar mais enganado tempos depois. E a ironia ainda maior: exatamente os aspectos que eu mais criticava são, hoje, os que eu mais elogio.

 O que me afastou de One Piece neste meu primeiro contato foram, principalmente, duas coisas: A trama devagar e o personagem Usopp (O terceiro tripulante recrutado por Ruffy) que, pra mim, era insuportável.

Meses depois resolvi dar mais uma chance aos piratas (não me lembro o motivo mas, provavelmente, tenha sido por conta da estreia deles no Brasil extremamente censurada).

Fico até com raiva de confessar isto atualmente, hehehe mas, justamente a trama "devagar", ou seja, arcos e desdobramentos construídos com calma, que eu julguei apressadamente como chato, é o grande charme de One Piece. Este estilo, pouco usado ultimamente (a maioria dos autores se concentra só o quebra-pau mesmo) consegue, quando bem feito, criar uma tensão cada vez mais à beira de um ataque de nervos (séries como LOST e, atualmente, Breaking Bad, que não me deixam mentir, fazem isto de forma exemplar). Outro aspecto beneficiado por histórias contadas dessa forma está na possibilidade de dedicar mais tempo para o desenvolvimento dos personagens, seus conflitos e motivações., o que, na minha opinião, é um dos pontos mais importates para que qualquer ficção funcione, já que, sem personagens cativantes e tridimensionais, não há história (por melhor que seja) que se sustente.

E o que dizer do personagem que tanto massacrei, o Usopp? Apenas confirmo que, hoje e depois de dar esta segunda chance ao anime, o considero um dos meus favoritos. Preconceito bobo meu? Certamente. Eu acabei julgando o livro pela capa e quase deixei de conferir uma das mais belas evoluções de caráter e personalidade que One Piece teria à oferecer.

Ele é apenas humano, com suas falhas, medos (muito bem mostrados em tela por suas pernas sempre tremulantes diante de um grande perigo) e atitutes que, certamente, nós, pessoas normais, demonstraríamos.

E sua evolução é perfeitamente sentida e necessária. Sai de cena aquela ansiedade e medo das adversidades e entra a coragem e a superação enraizadas profundamente através da amizade.

E chego aonde gostaria de chegar. O alicerce principal que faz One Piece ser o anime que é: A amizade, o companheirismo e a confiança que o grupo principal de personagens sente e demonstra um pelo outro. É tocante como este aspecto é construído e abordado de forma bem orgânica à trama, sem descambar para o sentimentalismo barato e simples (aquele choro forçado, mortes sem explicação etc..). 

A tripulação do Ruffy agrupa, até então, 9 pessoas que desempenham funções bem específicas e de suma importância para a sobrevivência de cada um e do grupo. É o tal, um por todos e todos por um. Se uma peça aqui cai, todas as outras desmoronam junto.

Ruffy: "Eu não sei usar espadas, não sei navegar, tambem não sei cozinhar e não sei mentir..... o que sei é que dependo dos meus amigos para continuar vivendo!"

Emocionante, coeso, surpreendente e imperdível, One Piece vem fazendo história no japão e pelo mundo e não é à toa. Apresentando personagens extremamente cativantes, profundos e bem construídos, histórias que fogem do lugar comum e que te fazem ficar presos ao sofá roendo as unhas, rindo, chorando, vibrando e torcendo, o anime é mais do que recomendado para os amantes não só de desenhos japoneses mas também para todos que querem fugir um pouco dos problemas e desgraças desse nosso mundo e cair em um universo totalmente viciante e acolhedor.

Eaí, tá esperando o quê? Dê uma chance (ou duas, hehe) ao bando do chapéu de palha!


PS: Não li o mangá (coisa que quero muito fazer) pois prefiro muito mais às animações aos quadrinhos, porém sei reconhecer sua importância. =)


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